Empreendedoras criam salão de beleza inspirado em fast-food e crescem com franquias
Márcia Queiroz e Michelle Whady são fundadoras da Fast Escova, que já tem mais de 100 unidades em pouco mais de dois anos de existência
Um salão de beleza que funciona como um fast-food: é só chegar, pedir e ter o serviço executado em um tempo mínimo, sem hora marcada ou fila de espera. Essa é a proposta da rede de franquias Fast Escova, criada pelas empreendedoras Márcia Queiroz e Michelle Whady em 2018. Em pouco menos de dois anos, a empresa já tem mais de 100 unidades franqueadas.
Um conjunto de fatores fez com as duas tivessem a ideia do negócio. Sobrevivente de um câncer no estômago, Whady foi alertada pelos médicos de que não conseguiria ser mãe, o que era seu grande sonho. Três anos depois, em 2016, ela acabou conseguindo realizá-lo e deu à luz a sua filha, Manuela. “Após quatro meses, eu descobri que ela era uma criança especial e eu optei por abrir mão da minha carreira de 11 anos em uma grande empresa de cosméticos para ter mais tempo com ela. Eu queria escolher o tempo que eu ficaria com minha filha.”
Mesmo com a renda do marido, Whady tinha em mente que não queria parar de trabalhar, mas precisava de horários mais flexíveis. O empreendedorismo sempre foi a primeira opção, e ela não pensou duas vezes quando recebeu o convite da amiga Queiroz, para entrar como sócia em uma escola de estética. “Dei todo o dinheiro que eu tinha, cerca de R$ 150 mil, no negócio, mas acabei ficando com menos tempo ainda do que antes.”
Em março de 2018, Whady tinha uma reunião marcada na empresa. Ela não conseguiu marcar um horário no salão que já conhecia e não tinha dinheiro para arriscar outro de última hora. “Você nunca sabe realmente quanto vai pagar. A escova custa R$ 70 e você sai pagando R$ 120, por exemplo.”. Aquilo a frustrou. “Nesse dia, eu descrevi por WhatsApp para minha sócia a Fast Escova. Coloquei toda minha necessidade na criação do negócio. Em maio seguinte, o projeto já estava pronto.”
As duas resolveram apostar e investiram, juntas, R$ 60 mil. O valor para a abertura da primeira loja, no entanto, ficou em R$ 240 mil. “Vendemos carros, pegamos empréstimos, enfim, demos um jeito de levantar o dinheiro, porque acreditávamos no nosso trabalho.”
A loja foi inaugurada em outubro do mesmo ano. Desde o início, o propósito era o potencial de empregabilidade, de acordo com a empreendedora. Por essa razão, o negócio já foi concebido com o plano de se tornar uma franquia. Cada unidade emprega, em média, 10 profissionais para os serviços de beleza.
O salão funciona com um padrão de atendimento que permite que uma escovação de cabelos, por exemplo, seja executada em menos de 40 minutos. A ideia é que sempre tenha pelo menos um profissional disponível para atender quem entra na loja. “Se uma cliente chegar e todos estiverem ocupados, ela já é encaminhada para o pré-serviço, que é a lavagem do cabelo, por exemplo. Tudo é dinâmico”, garante a empreendedora. A Fast Escova trabalha com serviços para cabelo e também de maquiagem.
Com essa proposta, a Fast Escova se posiciona em um mercado que dá sinais de crescimento nos próximos anos: a valorização e otimização do escasso tempo do consumidor, mas sem descuidar da qualidade. Outras redes de franquia também surgiram com essa proposta nos últimos anos, como a belle.club, com atendimento ágil e padronizado, ou a Freshen Spa, que oferece depilação a laser em domicílio.
Mesmo com o sucesso do salão, a Fast Escova não perdeu o caráter de formação de pessoas. A escola de estética ainda faz parte do grupo, mas foi rebatizada de Instituto de Formação Fast Escova e, por enquanto, é centralizado na franqueadora, em Goiânia (GO), embora já existam estudos para instalações de unidades regionais, sob comando dos franqueados, em um modelo parecido com o do Instituto Embelleze.
“Acabamos contratando ou encaminhando alguns alunos para as nossas unidades, mas formamos profissionais de beleza para o mercado, não só para a Fast Escova. Sabemos que é difícil encontrar profissionais já preparados.” Whady calcula que a escola já tenha formado cerca de cinco mil pessoas.
Durante a pandemia, tanto o salão quanto a escola passaram por momentos desafiadores. As aulas costumam ser 90% presenciais, e as sócias precisaram desenhar um novo modelo que exigisse, no máximo, uma aula prática.
Já na rede de salões, a franqueadora ajudou com renegociações de aluguel, desconto em royalties e aproveitaram o tempo para fortalecer capacitações e adiantar alguns planos que estavam previstos apenas para o futuro, como uma linha de produtos de cuidados pessoais e novos serviços nas lojas. “Para nós foi importante perceber que podemos ser mais rápidas. Eu tinha um planejamento de janeiro de 2020 até dezembro de 2022. Eu tive que trazer 2022 para dentro de 2020.”
Whady também adiantou que o grupo deve colocar na rua um novo projeto já no mês de maio: Fast Escovinha, um salão de beleza para crianças. O objetivo é gerar mais momentos entre pais e filhos. A primeira unidade será inaugurada em Goiânia e uma segunda está em negociação para abrir em junho, em Belém (PA).
Com a retomada dos serviços e a continuidade da expansão, a projeção de faturamento da rede para 2021 é de R$ 15 milhões.
O investimento inicial para ter uma unidade da Fast Escova é a partir de R$ 200 mil. O valor já inclui taxa de franquia, adequação do imóvel, móveis e capital de giro. É possível optar por dois modelos de negócios: Standard, com seis cadeiras de atendimento, ou Premium, com dez.
Fonte – revistapegn.globo.com
Foto – Divulgação