Correspondentes acusam China de boicotar cobertura jornalística sobre os Jogos de Inverno

OLIMPÍADAS DE INVERNO

Credenciamentos são continuamente negados, e solicitações, ignoradas. Postura se intensificou após denúncias de defensores dos direitos humanos

A Associação de Correspondentes Internacionais (FCCC na sigla em inglês) na China divulgou nesta terça-feira uma carta aberta em que acusa as autoridades chinesas de impedirem continuamente a cobertura dos Jogos de Inverno. Eles alegam que os jornalistas são ignorados ou têm pedidos de acesso negados, além de serem constrangidos e até ameaçados.

O evento em si começa no dia 4 de fevereiro, mas a esta altura diversas instalações já deveriam estar acessíveis à imprensa para a realização de matérias. As atitudes dos chineses, no entanto, estariam ferindo as premissas do Comitê Olímpico Internacional de assegurar a maior cobertura de mídia possível para a maior audiência possível.

– As repetidas solicitações de nossos membros têm recebido respostas conflitantes ou sido completamente negligenciadas. Há relatos de membros que passam semanas tentando obter contatos de facilitadores apenas para receber informações desdenhosas ou imprecisas – diz a carta.

A associação também se queixa da diferença de tratamento dada à imprensa local, que tem acesso exclusivo à maioria dos eventos, como à chegada da chama olímpica à China. Ou as informações de data e horários não são repassadas aos correspondentes ou são repassadas muito em cima da hora, impedindo qualquer planejamento prévio.

– Jornalistas estrangeiros que tentam se credenciar para eventos recebem negativas porque o Comitê Organizador limita a presença apenas para veículos de mídia selecionados. Ou alegam que a capacidade está esgotada ou pedem que os inscritos apresentem resultados de testes de Covid em uma janela impossível de realiza-los, de apenas algumas horas.

Os ditos boicotes por parte da organização se intensificaram após a imprensa internacional noticiar os pedidos de boicote aos Jogos de Inverno de Pequim, campanha apoiada por defensores dos direitos humanos, que denunciam tanto más condições de trabalho nas construções das venues quanto questões político-sociais mais profundas, como o tratamento dado a minorias étnicas como os uigures.

iNF: ge.globo.com

Foto: Getty Images