Aos 70 anos, Galvão Bueno ganha homenagem da Rede Globo

Já são quase quatro décadas ao lado do grande amigo: o microfone. Prestes a completar 70 anos, Galvão Bueno é um símbolo de conquistas verde e amarelas. Ele narrou o Tetra e o Penta do futebol, várias medalhas olímpicas, dezenas de Mundiais das mais diversas categorias, inúmeros GPs de Fórmula 1 e ainda conquistas de cinturões de boxe e MMA. O Esporte Espetacular fez questão homenagear o dono da voz que marcou a memória de tantos brasileiros ao longo da história.

– São 46 anos nessa estrada como comunicador. E a minha voz acabou ficando marcante, eu sei disso. Digamos assim, minha voz é realmente o meu grande patrimônio. Minha voz é minha vida. A voz pra mim é tudo. Obrigado, meu Deus, por permitir eu construir essa pequena obra – agradeceu Galvão.

Ele estava no recorde absoluto de telespectadores no ar: durante a partida entre Brasil e Turquia, pela Copa do Mundo de 2002, 100 milhões de residências estavam ligadas na TV Globo. Hoje, ele já narrou 12 Copas do Mundo, sete Olimpíadas e os principais eventos do esporte.

– Quando ele começou a narrar futebol, eu falei para ele: “pode se empolgar bastante, meu filho”. E ele se empolgou tanto, que se empolga até hoje. Cada jogo que ele narra, se empolga tanto, como se ele estivesse no campo, com todos os jogadores – destaca a mãe, Mildred.

Antes de ser narrador esportivo, Galvão Bueno também teve seus momentos de atleta. Em Brasília, começou a jogar basquete sob o comando do professor Pedro Rodrigues. Mas nessa época Galvão era apenas chamado de Carlos Eduardo.

– Ele era um menino e já era um líder autêntico. Ele era um campeão de companheirismo entre os colegas. Além do mais, ele era um polivalente, um mosquito elétrico. O Carlos Eduardo, não sei o que aconteceu: “haja coração” – brinca o ex-treinador.

Galvão narrou 35 das 41 vitórias de Ayrton Senna na Fórmula 1 e ganhou o apelido de “Papagaio” do próprio piloto, que era um grande amigo. Além das amizades construídas nas pistas, Galvão pode falar que o automobilismo faz parte da sua família. Os filhos Cacá e Popó são pilotos de elite.

– Muito orgulho de você ser referência no que você faz. E muito orgulho de um dia você ter narrado uma vitória minha, no Dia dos Pais, um momento tão especial. Tenho muito orgulho de ser seu filho – disse Cacá.

– Te agradeço por sempre ter ficado ao meu lado nas minhas decisões e por ter trazido o esporte para as nossas vidas, porque isso foi determinante na minha criação. Eu espero fazer o mesmo pelos meus filhos – destacou Popó.

A filha Letícia trabalha ao lado de Galvão. Ela é a responsável por cuidar da vinícola Bueno e conhece o lado empreendedor do pai. Para ela, a coragem do locutor é inspiradora.

– Queria falar do Galvão que é um dos profissionais mais longevos da TV e que conseguiu se reinventar todos esses anos. Veio a Internet e ele estava lá. Vieram as redes sociais e ele também estava lá. Então eu queria falar desse Galvão corajoso, que não tem medo do desafio e busca sempre a perfeição – destacou Letícia.

Há 20 anos casado com Desirée, Galvão ganhou ainda têm mais dois filhos: Leonardo – filho de um primeiro relacionamento dela – e Luca, o caçula do clã Bueno.

– Você é uma pessoa incrível e única. Tanto no profissional, como no pessoal. Sou extremamente grato a tudo que fez por mim e continua fazendo. Tenho muito orgulho de ser seu filho – falou Léo.

– Obrigado por me ajudar a me tornar o homem que sou hoje. Sou muito grato a você e daqui a pouco a gente vai estar no tapete vermelho juntos – brincou o cineasta Luca.

Além das memórias da família e dos telespectadores, Galvão Bueno ainda faz parte das conquistas de inúmeros esportistas brasileiros. Dos campos de futebol aos ringues, ele é dono de bordões que marcaram todos os esportes e faz parte da história dessas medalhas.

– Quando eu sabia que ele ia transmitir o jogo, eu falava pras meninas: “senta aqui, porque nosso jogo vai ser muito importante, ele só faz jogo bom”. Isso me motivava demais – lembra Hortência.

– Você, do seu carinho, do seu coração, da sua emoção, trouxe “quem tem Zico, tem tudo”. Isso pra mim foi maravilhoso, inesquecível – recordou Zico.

Eu na beira do campo para acabar o jogo e você narrando aquele final e ao mesmo tempo vivendo a expectativa pela minha entrada: “mas o garoto Kaká quer entrar”. Você fala seis ou sete vezes de uma possível entrada minha – ri Kaká sobre a final da Copa do Mundo 2002.

– Acelera, Rubinho. Rubens, Rubens, Rubens Barrichello do Brasil. Meu Deus do céu, Galvão. Você faz muito melhor que eu – se divertiu Barrichello.

– É prata, é prata, é prata para o Brasil. Galvão, obrigado por eternizar esse momento mágico em nossas vidas – disse André Domingos, medalhista de prata do revezamento 4 x 100m nas Olimpíadas de 2000.

Seus bordões acabaram virando uma inspiração para uma paródia musical. O produtor executivo da TV Globo, Sérgio Barros, preparou a letra e o Olodum – parceiro de tantas participações em Copas do Mundo – deu a baianidade para a letra abaixo. No ritmo da música “Alegria Geral”, o cantor Mateus Vidal e os percussionistas fizeram frases marcantes virarem a paródia “Voz genial”.

O Galvao é craque

O Galvao é top

Haja, coração

Ô, quem é que sobe?

Olha, olha o que ele fez

O Galvão passou dos sessenta e nove

Pode isso, Arnaldo?

Ô, quem é que sobe

Olha, olha o que ele fez!

Conta, conta, narrador

Conta, conta, apresentador

Conta, conta, comunicador

Nas manhãs de domingo narrando as carreiras

No Bem Amigos às segundas-feiras

É tetra, é tetra pra sempre marcou

Rrrrronaldo marcando no penta narrou….

Fonte: globo esporte.globo.com

Foto: Divulgação/Rio 2016