FAF apresenta troféus do Barezão 2023

A premiação foi confeccionada com material sustentável, por artistas indígenas, em homenagem a Amazonino Mendes

A floresta em pé e futebol no campo! Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (20), no Unba Shushi, o Presidente da Federação Amazonense de Futebol (FAF), Ednailson Rozenha, apresentou a premiação do Campeonato Amazonense de Futebol Profissional 2023. Os troféus são uma homenagem à Amazonino Mendes e a confecção foi feita por artistas indígenas.

“Não dá para a gente ser diferente, sendo igual. Esse ano, nós vamos homenagear o grande desportista que foi o ex-governador, Amazonino Mendes. Então, tem muita representatividade, não dá para fugirmos da nossa essência. Não dá para permitirmos que o mesmo ouro, que é responsável pela invasão de terras Yanomamis, Kayapós e Mundurukus, pela poluição dos nossos rios, seja símbolo da nossa vitória. A Federação vai continuar carregando o slogan ‘A Floresta é a bola da vez’. Nós temos que entender que o Amazonas tem relações estreitas e muita ligação com o homem da floresta, com os rios e, acima de tudo, com as pessoas que aqui vivem e defendem essa riqueza”, ressaltou Rozenha.

A premiação do Barezão 2023 tem muita amazonidade na história e na confecção dos troféus e medalhas. O slogan da atual gestão da Federação Amazonense de Futebol (FAF), “A floresta é a bola da vez”, tem como objetivo a valorização do povo originário, por isso, todos os itens entregues aos campeões, tem as mãos de mulheres amazonenses, como a artista parintinense Helen Rossy, as indígenas artesãs da Associação de Mulheres Sateré Mawé, lideradas pela indígena Regina Sateré Mawé, as artistas indígenas do grupo Moda Raiz, que tem como líder, Thaís Kokama e Dani Sateré Mawé e as artesãs indígenas Baré Suriarts, comandadas por Analice Baré.

Troféus Amazonino Mendes

O nome dos troféus é uma homenagem ao ex-governador do Amazonas, Amazonino Mendes, que faleceu no dia 12 de fevereiro de 2023, aos 83 anos. O político que nasceu no município do interior do Amazonas, Eirunepé (1.159 quilômetros de Manaus) ficou conhecido por ser um líder nato, carismático, visionário e amigo leal. Deixou seu legado histórico na política amazonense, onde cumpriu quatro mandatos como chefe do Executivo Estadual, três vezes prefeito de Manaus e Senador da República por uma vez. Um incentivador do esporte local, ele fez, dentre outras ações, a reforma do estádio Vivaldo Lima, que trouxe inúmeros benefícios ao futebol baré.

Características dos troféus

Os troféus foram confeccionados com refugos de madeira de estaleiros e queimadas.

O Troféu de 1° lugar tem como referência o inseparável chapéu de Amazonino e o rio Juruá, o rio mais sinuoso do Amazonas. As madeiras usadas foram Itaúba, Cumarú e Angelim. A arte e confecção foram feitas pela artista parintinense, Helen Rossy, no seu ateliê, em Novo Airão/AM, onde reside.

As formas do troféu de 2° lugar remete ao A do Amazonino e, consequentemente, ao Amazonas, já que Amazonino é total referência do Estado. Os últimos detalhes das obras de arte dos dois troféus vieram das mãos da artista indígena, Thaís Kokama, que trouxe grafismos indígenas para a estrutura das peças. Esses grafismos representam símbolo de força, resistência, habilidade e espiritualidade.

As medalhas

O nosso ouro é a floresta preservada. As premiações não terão símbolos de prata e ouro, por representarem a mineração ilegal que corrói os rios, as florestas e que mata os povos. A mineração ilegal em terras indígenas da Amazônia Legal aumentou 1.217% nos últimos 35 anos. De 1985 para 2020, a área atingida pela atividade garimpeira passou de 7,45 quilômetros quadrados (km²) para 102,16 km². De acordo com um estudo elaborado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade do Sul do Alabama, dos Estados Unidos, quase todo o garimpo ilegal (95%) fica em apenas três terras indígenas: a Kayapó, a Munduruku e a Yanomami.

Para construir as medalhas de primeiro e segundo lugar, mulheres indígenas de duas associações, se unirma: a AMISM e a Suriarts. A AMISM ficou responsável pelas medalhas de segundo lugar e a Suriarts pelas medalhas de primeiro lugar.

São joias da floresta, confeccionadas com sementes de açaí, morototó e miçangas. Possuem linhas simbolizando as três forças da natureza: céu, água e ar.